Revista EURE - Revista de Estudios Urbano Regionales

Impacto da pandemia Covid-19 nas variações da pegada de carbono em domicílios de cidades chilenas

2024-10-15T16:52:38-03:00

As cidades são responsáeis por uma grande parte das emissões de gases de efeito estufa (GEE), que impactam diretamente a mudança climática global. Embora tenha sido demonstrado que os GEEs globais diminuíram durante a pandemia social e sanitária, as emissões locais tiveram um aumento acentuado durante esse período. Esta pesquisa anaisou a influência de diferentes fatores na pegada de carbono relativa ao aquecimento e energia de residências em cidades do centro-sul do Chile antes e durante a pandemia da Covid-19. Por meio de modelos de regressão múltipla, identificou-se que o aquecimento a lenha, as baixas temperaturas, as residências maiores e o maior número de habitantes geralmente explicam o aumento da pegada de carbono, especialmente no confinamento. Discute-se a urgência de desenvolver políticas públicas integradas que considerem a eficiência energética das moradias, a pobreza energética do lar e o enraizamento cultural do uso de lenha nessas cidades.

Expansão ou invasão? O auge do Airbnb na Cidade do México, 2019-2023

2024-04-16T13:23:15-04:00

A oferta de moradias para aluguel através de plataformas digitais tem apresentado um crescimento notável nas últimas décadas, resultado, em grande parte decorrente da revolução tecnológica e das tecnologias da informação e comunicação (TICs). Embora existam modalidades similares desse tipo de aluguel anteriores à chegada do Airbnb em 2008, seu auge e expansão podem ser rastreados a partir desse marco. Nesse contexto, o presente estudo analisa as diferenças na distribuição geográfica dos distintos tipos de acomodações do Airbnb e seus preços, bem como a relação dessa modalidade com os elementos tradicionais do parque habitacional na Cidade do México. Para a análise geográfica em duas escalas, local e regional, são utilizadas informações da plataforma InsideAirbnb e do Censo de População e Habitação do México. Como resultado, apresentam-se os efeitos da pandemia no aluguel temporário, identificam-se as áreas com maior concentração de ofertas segundo sua tipologia, e estima-se o percentual de moradias do parque habitacional que foram incorporadas à plataforma.

Em que bairro é melhor envelhecer? Equipamento e apoio à autonomia na Área Metropolitana de Guadalajara (México)

2024-07-12T14:33:09-04:00

A cidade analisada sob a perspectiva gerontológica evidencia os diferentes graus de autonomia dos idosos no acesso aos recursos necessários para a satisfação de suas necessidades cotidianas. O objetivo deste artigo é explorar um modelo de análise da distribuição da oferta de serviços capazes de apoiar as Atividades Instrumentais da Vida Diária (AIVD) no contexto metropolitano disperso em uma escala de bairro, oferta que poderia contribuir para o bem-estar no envelhecimento em fase de semidependência. A exploração de bases de dados oficiais tornou visíveis os destinos de apoio à autonomia, permitindo identificar bairros críticos com alta demanda de população idosa e baixa oferta de serviços de apoio. Os resultados são apresentados em uma matriz de classificação que poderá orientar políticas públicas.

Entropias na mobilidade diária de estudantes em universidades públicas. Uma análise da Cidade Universitária de Torreón

2024-05-27T10:52:00-04:00

A partir da aplicação de uma Pesquisa Origem-Destino, que incorporou percepções sobre as características da mobilidade cotidiana de estudantes universitários de graduação de uma universidade pública na cidade de Torreón, este artigo busca determinar a fase entrópica do atual sistema de mobilidade dessa cidade, identificando padrões de mobilidade e as percepções de acessibilidade existentes. Apresentam-se dados descritivos de uma população estudantil do estado de Coahuila, México, com relação a seus deslocamentos diários e opiniões a respeito das características de suas viagens. Por meio da aplicação de um modelo Entropia-Homeostase-Negentropia, que permitiu relacionar as informações coletadas com as condições atuais do sistema de transporte, determinou-se que a entropia da mobilidade cotidiana dos estudantes encontra-se em fase crítica, ressaltando a necessidade de propor intervenções negentrópicas antes que o sistema atinja uma fase hipercrítica.

Relação entre pobreza e desmatamento na Amazônia brasileira: um estudo empírico para o estado do Pará

2024-05-27T11:18:05-04:00

O estado do Pará, localizado na chamada Amazônia Legal brasileira, abriga uma parcela significativa de sua população vivendo em condições de pobreza e, simultaneamente, seu processo de uso e ocupação do solo é dominado por atividades econômicas que são consideradas motores no desmatamento na região. Este artigo investiga a relação entre pobreza e desmatamento em nível municipal entre os Censos Agropecuários de 2006 a 2017, usando o número de famílias beneficiárias do Programa de Transferência de Renda “Bolsa Família” como indicador proxy da pobreza. A análise trata pobreza e desmatamento como variáveis endógenas e simultaneamente determinadas, empregando o Método dos Momentos Generalizados em três estágios. Os principais resultados apontam para uma relação inversa entre pobreza e desmatamento, o que sugere a viabilidade de empregar políticas na região que combatam ambos simultaneamente, desafiando a ideia de um trade-off entre essas dimensões dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

Do paternalismo industrial à flexibilização trabalhista: (re)produção das desigualdades nas cidades petrolíferas, 1907-2018

2024-10-07T12:36:11-03:00

Neste artigo analisamos os processos de (re)configuração socioespacial e produção de novas desigualdades em duas cidades petrolíferas da América Latina em relação à espacialização da atividade industrial e aos processos de flexibilização das relações de trabalho nas últimas décadas. Buscamos compreender as transformações de Barrancabermeja (Colômbia) e Comodoro Rivadavia (Argentina) por meio de uma aproximação da relação entre o mercado internacional de petróleo e as mobilidades, os mercados imobiliário e de trabalho dos territórios em que a produção se articula localmente. Propomos uma perspectiva comparativa, multiescalar, baseada em fontes qualitativas e quantitativas, inscrita em um referencial teórico a partir do qual concebemos o espaço em sua dupla condição de produtor-produto, histórico e dinâmico.

Conflitos socioambientais e formas emergentes de coletividade territorial numa zona costeira do sul do Chile

2024-06-27T08:39:05-04:00

Entre as recentes mobilizações cidadãs no Chile observam-se novas formas de agrupamentos sociais para causas ambientais locais. Este artigo investiga três casos de coletivização emergente na área de Reloncaví e seus arredores (zona costeira do sul do Chile) que denunciam a degradação ambiental e social causada pela criação industrial de salmão e a falta de mecanismos de participação cidadã. Analisam-se aspectos identitários, formas de organização, repertórios de protesto e vínculos territoriais, no que chamamos de sensibilidades territoriais. Ao não se reduzirem apenas à causa, aos interesses partilhados ou aos efeitos sobre as instituições ou as políticas públicas, estas coletividades apresentam fisionomias e escalas de complexidade diversas, mas, por outro lado, a sua base socioterritorial confere-lhes uma densidade político-cultural para a vida social no território, sem que seja necessário atribuir-lhes o pesado ônus de ser um movimento social.

Conexão CINVA-SUDENE: circulação profissional e difusão de saberes em habitação e planejamento na América Latina do pós-guerra

2024-10-07T09:48:51-03:00

Este trabalho busca evidenciar a circulação transnacional de profissionais, suas ideias e saberes nos campos da Arquitetura, das Engenharias e das Ciências Sociais entre o Centro Interamericano de Vivienda y Planeamiento (CINVA) e a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE). Como objeto de análise, tomam-se as trajetórias de Hebe Gonçalves, Carlos Carneiro e Gerson Sampaio, atores destacados tanto pelo trânsito entre as instituições latino-americanas ao longo das décadas de 1950 e 1960 quanto pelo seu envolvimento em iniciativas brasileiras na interface entre a programação habitacional e o planejamento territorial. Hipotetiza-se que sua circulação tenha contribuído para a introdução e consolidação da temática habitacional na pauta da SUDENE, constituindo um ponto de contato com a atuação do CINVA. Dessa forma, verifica-se a inserção do Brasil e de seus círculos acadêmico-profissionais nas redes latino-americanas desses campos, bem como a influência desses aportes sobre o território nordestino — em particular, o pernambucano.

Visões da prática de planejamento urbano no Chile, 1931-2024

2024-09-10T12:14:39-03:00

O planejamento urbano é compreendido como um processo político que orienta o desenvolvimento urbano para a realização do bem público. Com base na interação entre a teoria e a prática do planejamento, este estudo identifica cinco paradigmas sucessivos que moldaram o planejamento urbano no Chile: funcionalista, neoliberal, reformista, estratégico e orientado à sustentabilidade. Tais paradigmas correspondem a diferentes racionalidades de planejamento que emergiram desde a institucionalização do direito urbanístico integrado no país até os dias atuais. Em conjunto, oferecem um marco analítico para examinar a evolução das práticas de planejamento urbano em relação às reformas legislativas, aos marcos regulatórios, às políticas de desenvolvimento e aos instrumentos de planejamento. Nas últimas três décadas, a prática do planejamento tem se caracterizado pela coexistência e sobreposição desses paradigmas em um ambiente regulatório marcado pela abertura, limitações normativas e por uma forte ênfase nos direitos de propriedade. A dicotomia inicial entre uma abordagem funcionalista — baseada na busca do bem comum — e uma guinada neoliberal voltada à desregulamentação deu lugar, de forma gradual, a um cenário de planejamento mais complexo e híbrido.

Financeirização da moradia de aluguel: a emergência de um novo ativo imobiliário-financeiro em Santiago e São Paulo

2024-11-15T17:19:33-03:00

Este artigo analisa o surgimento de um novo ativo imobiliário-financeiro no mercado de moradia para aluguel em Santiago, Chile, e São Paulo, Brasil, no contexto global de transformação e crescimento dos mercados de moradia para aluguel em diversas cidades ao redor do mundo. Por meio do conceito de financeirização, identifica-se uma “trajetória comum” em ambos os contextos urbanos, onde a moradia para aluguel é configurada como uma nova forma de captura de rendas financeiras. Este estudo, predominantemente qualitativo e baseado em uma metodologia de fontes mistas, fundamenta suas constatações em entrevistas, relatórios e análises da mídia especializada. Explora a circulação das finanças na produção e gestão de novos produtos imobiliários, os atores e conexões estabelecidas, bem como a configuração da renda residencial em cada caso, com atenção especial ao surgimento e ao papel dos proprietários corporativos nesses mercados emergentes.

O impacto da Gig Economy na governança urbana democrática. Um modelo crescente

2024-11-12T11:18:50-03:00

Título do livro: Disrupting D.C. The Rise of Uber and the Fall of the City

Autores: Katie J. Wells, Kafui Attoh e Declan Cullen

Edição: Princeton University Press, 2023, 224 pp.

ISBN: 978-069-124-975-9

Planejamento: o compromisso com as perspectivas históricas e espaciais

2024-12-11T11:21:04-03:00

Título do livro: Enmarcando la ciudad planificada en América Latina, 1940-1980. Desarrollo, territorio y planes sectoriales

Autores: Arturo Almandoz e Macarena Ibarra (Eds.)

Edição: RIL Editores/Colección Estudios Urbanos UC, 2024, 508 pp.

ISBN: 978-956-01-1580-5

Financiarização ou Financierização? Precisões etimológicas para um conceito crítico na literatura de estudos urbanos na Hispano-América

2024-12-20T12:15:45-03:00

O artigo explora as diferenças etimológicas e semânticas entre os termos financiarização e financierização no contexto da literatura hispano-americana sobre estudos urbanos. A partir de uma revisão crítica, destaca-se que ‘financiarização’ está associada a transformações econômicas mais amplas, enquanto ‘financierização’ enfatiza processos estreitamente vinculados ao sistema financeiro formal. A discussão ressalta como esses conceitos refletem dinâmicas do capitalismo contemporâneo, particularmente na interação entre finanças e território, transformando as cidades em ativos financeiros globalizados. Além disso, analisam-se casos da América Latina e da Europa, mostrando como esses processos agravam desigualdades urbanas e redefinem setores econômicos e sociais. Por fim, questiona-se a escolha dos termos comentados, sublinhando a importância de uma tradução precisa que enriqueça o debate acadêmico.